Uma vez perdi minha sanidade, talvez por vergonha de estar em Angra. Talvez pela síndrome do surto temporal. Não sei ao certo, tinha acabado de chegar, primeira incursão neste mundo proibido. Um turista, um recém nascido que mal acabara de pular do útero. E parado sobre a poça de líquido amniótico, olha pra parteira e pede um cigarro, fazendo aquele sinal com os dedos que indica preciso fumar.
A parteira era Angra, e ela me deu de fumar. Foi assim que cheguei aqui a primeira vez, velho, chato, entregue ao lamento, mas aí eu fui à praia e passou.
As praias de Angra sempre nos ajudam a esquecer, mas, praia do Anil não te esqueço, um dragão em forma de trator empurrando suas areias de um lado ao outro pra fingir serviço, a eleição passa, o dragão voa e minha sanidade que não volta. Cadê a porra do trator?
E como um viajante perdido do tempo sentei na areia da rua do comércio e esperei as caravelas voltarem pra me buscar.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
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Um comentário:
Seu estilo é indisfarsavel Cláudio, um abraço de quem te admira!
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