quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Os monstros da câmara secreta

Acontece simultaneamente em vários feudos, um fenômeno de proporções desastrosas, uma espécie de terremoto moral, um tsunami de pouca-vergonha inundando e afogando o que resta de moralidade.
Os monstros da Câmara secreta tentam se multiplicar, seres das profundezas que devoram verbas públicas, legisladores da causa própria, vermes nojentos que trazem consigo a ignorância, o crime e a impunidade.
Os canalhas do feudo local quase comemoram, seus asseclas demoníacos que beiram o sumidouro do inferno, tentam escapar e têm agora próximo a suas garras sinistras poder para fugir da justiça iluminista.
Eu agradeço por ser do futuro e ser apenas uma testemunha, é o pandemônio, os demônios estão quase soltos.
Para provar que no feudo o mal é concreto, os ganhos do futuro déspota e seus asseclas já se multiplicaram como os demônios da câmara secreta tentam fazer.
Salve-se quem puder!!!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Troglodita de Estimação versus Ciclope do Futuro (parte final)

Após o episódio, o reizinho e o troglodita ficaram muito apreensivos, se não bastasse a presença de soldados iluministas no feudo, agora teriam que se preocupar com a invasão de ciclopes. Suas mentes primitivas os impediam, como sempre, de enxergar a realidade. Mas eu os entendo, afinal são simples seres da idade média.
Seria muito difícil para que este tipo de ser percebesse que aquilo não se tratava de um ciclope, que era apenas um garoto portando um artefato do futuro, um rapaz com uma filmadora digital tentando trazer um pouco de futuro pro feudo.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Troglodita de Estimação versus Ciclope do Futuro (parte 3)

Tudo corria bem até que um dia, algo surpreendente aconteceu. Durante uma das aparições populares do futuro reizinho, quando iria iniciar-se o beija mão, eis que surgem de repente soldados iluministas.
No meio do caos que se formou, o ogro deparou-se com uma visão aterradora, um ciclope que emanava uma luz mística olhava intensamente na direção do futuro déspota.
O ogro tinha que fazer algo, afinal o futuro monarca poderia ser devorado pelo monstro. Mas ao mesmo tempo em que queria fazer alguma coisa, tinha medo. Para sua sorte ele viu que outros ogros também notaram o ciclope, assim foram todos pra cima dele.
Os trogloditas fizeram a festa contra o ciclope, acuaram o coitado e tentaram arrancar seu olho para ver se conseguiam acabar com aquela luz irritante que cegava seus olhos de seres da escuridão. O ciclope resistiu ao máximo, lutou como pôde e no fim conseguiu escapar apenas com um dos braços avariado.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Troglodita de Estimação versus Ciclope do Futuro (parte 2)

O troglodita passou sua infância trancado nas masmorras do castelinho do futuro déspota. Não contra sua vontade, mas por diversão, ambos ficavam ali por horas, não estudavam, diziam que quando precisassem seus pais comprariam seus diplomas e aproveitavam para tirar um do outro o que eles só conseguiriam no futuro em troca de dinheiro.
Assim eles nutriram um laço indestrutível, uma correia forjada pelos alforjes do próprio Zeus, uma aliança de barbante amarrada na cela coletiva da vida.
Quando cogitou-se a possibilidade do reizinho ser o próximo déspota, o ogro logo foi convidado para ser um de seus asseclas, teria um lugar ao lado do monarquinha no feudo, os dois governariam com mãos dadas de ferro.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Troglodita de Estimação versus Ciclope do Futuro (parte 1)

Era uma vez em um passado muito, mas muito distante, um feudo tão rico que seus banheiros custavam um milhão de dinheiros, mas ao mesmo tempo tão pobre que seu senhor não valia o chão que pisava.
Bom, nesse feudo, existia um troglodita, na verdade existiam vários, mas falaremos deste em particular, este troglodita em particular, se achava o tal. Bom, no feudo quase todos os zé ruelas se achavam o tal.
Este ogro das cavernas pertencia a uma das famílias da nobreza que veio das arábias. Ele era muito forte, tinha uma pança que caberia ali com certeza um gorila adulto acomodado em posição fetal, mas apesar de forte e muito rico, ele não passava de um ogro, portanto sua inteligência rateava entre altos e baixos, algumas vezes agia como um babuíno no cio, e na pior das hipóteses agia como um economista que só sabia dar troco errado.

sábado, 29 de novembro de 2008

Extra Extra, mais mentiras!!!


Dizem no feudo que, quando um mentiroso ilustre morre, é recebido pessoalmente pelo capeta com um pepino e um martelo pra comemorar.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A Lista das Cabeças Cortadas (parte 3)

Seguiu adiante e chamou pelo monarca, sua voz ecoou pela enorme e vazia biblioteca. Por algum momento não houve resposta, continuou caminhando até chegar a um corredor de onde se podia distinguir uma voz bem fraca que vinha de uma porta lá no fim deste. Caminhou apressadamente e sem receio, reconhecia o som, era a voz de seu futuro senhor, se fosse um cão correria de língua pra fora e balançando o rabo, mas era menos que isso, era um cargo comissionado. Parou emocionado ao lado da porta, carregava em seus braços, como quem exibe um troféu conquistado a duras penas, a lista das cabeças cortadas. Quem está aí? Perguntou o regente biônico. Sou eu, o bobo respondeu com voz de humorista fracassado e completou, sou eu o seu servo mais humilde e devotado, e trago para o senhor algo de extrema necessidade neste momento. O reizinho entreabriu a porta de seus aposentos e sem sair deste, ergueu seu obeso braço de quem não está acostumado a carregar as coisas pra si mesmo e tomou a lista das mãos do orgulhoso bobo da côrte. Como tem muita, mas muita preguiça de ler, lembrem-se de sua biblioteca, olhou aliviado para a lista e emplastou-a em seu gordo traseiro sujo, e sem agradecer ficou aliviado pois havia meia hora que chamava seus lacaios para lhe trazerem papel higiênico, e estes ocupados com a baderna generalizada que se formara no bairro ignoravam seus apelos.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A Lista das Cabeças Cortadas (parte 2)

Cada bobo, ao mesmo tempo em que tentava salvaguardar seu manuscrito, tentava desesperadamente fuxicar o do outro pra ver se, por acaso, seu nome não estava por ali. Foi um espetáculo tragicômico, ninguém sabe ao certo, como a confusão maior começou, se foi quando um dos bobos tentou furar o bloqueio da guarda pessoal do rei, ou se foi quando um pierrô discutiu com um palhaço ao ver sua alcunha gravada no rol do afetado clown. Bom, só se sabe que a pancadaria foi geral, narizes vermelhos voavam por todos os lados, chapéus de três pontas rolavam no chão, maquiagens mesclavam-se com sangue, enquanto uma chuva de papel picado cobria a todos, alguns palhaços aproveitaram o clima de muita testosterona no ar para acasalarem-se. Assim, sem saber, o nosso bobo participava da primeira micareta da história. Aproveitando o caos instaurado, nosso bobo burlou a segurança pessoal do reizinho e adentrou voluptuosamente seus aposentos. Deparou-se com um incrível salão e uma biblioteca anexa que continha dois livros de colorir, um plano de governo em branco e uma bíblia autografada pela associação de pastores inquisidores.

continua...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A SAGA DA LISTA DAS CABEÇAS CORTADAS

Reza a lenda que, certa vez, um dos incontáveis bobos da côrte redigiu um rol, contendo ali o nome de apóstatas e hereges do feudo, para apresentar ao próximo regente na dinastia. O vil bufão, o bobo da côrte, não o regente, bateu de porta em porta, fuxicou viela por viela, esquadrinhou testículo por testículo e sua lista foi crescendo de maneira descomunal. Acreditava ele, e talvez tivesse razão, que se apresentasse, em uma bandeja, as cabeças dos traidores e conspiradores, poderia garantir ali uma possível ascensão hierárquica na administração municipal do feudo. Certa feita, com a listagem em mãos, rumou para a residência do futuro déspota. Ao dobrar a esquina que dava pra rua do regente, deparou-se com uma incrível cena, uma multidão, contendo as mais variadas versões de bobos da corte, cercava a casa do supracitado monarca, e pasmem, todos eles portavam, protegidas entre os braços cruzados sobre o peito, pergaminhos, contendo o nome de possíveis inimigos do rei.

continua...

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Maçãs para as brancas de leve

Como aparecem bonitos os futuros regentes nas xilogravuras dos tablóides, como parecem viris. Como permanecem idôneos aos xerifes, os déspotas, e como se tornam capangas de déspotas, os xerifes. Assim seguem estas duas instituições, imprensa e justiça, como teúdas manteúdas do poder, endossando a covardia, fazendo a vida aborígene seguir como se nada de podre houvesse no reino. Desta maneira uma falsa tranqüilidade envenena o sonho deste povo belo adormecido. Enquanto as bruxas do poder distribuem suas lindas maçãs de porta em porta, de banca em banca, de igreja em igreja, de cargo em cargo.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Além mar

O atual senhor feudal de Angra costuma viajar assiduamente para outros reinos além mar. Lá se impressiona com a evolução alcançada. O desenvolvimento da educação, os investimentos na cultura e na pesquisa científica, a cidadania, o combate à corrupção, o estado desligado da religião, enfim, quase uma utopia, algo caminhando em direção ao melhor, o oposto do que ocorre em seus domínios.
Toda vez que ele chega la´, o que é quase sempre, admira-se, fica encantado, a inveja consome seu coração e uma pergunta persegue incansavelmente seus calcanhares desacostumados a carregar seu próprio peso. Porque meu feudo não é assim? E do fundo de sua mente, desacostumada a divagações filosóficas, surge uma resposta: por sua causa seu porco imundo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Máquina do contra-tempo

Fiz uma descoberta incrível hoje, surpreendente. Logo eu, um viajante do tempo que achava não me assustar com mais nada, estou pasmo. Meu queixo jaz caído ao chão. Angra é uma grande máquina do tempo, isso mesmo, a maior máquina do tempo já construída por alguém. E o pior, alguém sem o menor conhecimento técnico sobre o assunto. Só que esta é uma máquina diferente das outras, ela só anda pra trás.

É logo ali, depois do bom senso

Aqui nada se criou, tudo se deformou. Criatividade é tratada a pedradas no feudo, livre pensamento é heresia. Aliás, heresia é o que mais se tem por aqui. Pensamentos quase não vingam, os incompetentes abafam qualquer tentativa de capacitação, logicamente para manter suas desmerecidas posições. Assim a população se esbalda nos falsos milagres, conquistando favores através de comprometimentos politiqueiros, vendendo o pouco que resta de suas almas pra morar em um dos casebres superfaturados na periferia do conhecimento, no centro das superstições. E no fim graças deus.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

MODERNA MANTA ASFÁLTICA DO FUTURO

É muito fácil enganar zumbis medievais, basta decorar uma praça e eles enxergam ali uma realização, basta trocar os velhos calçamentos de uma via pela moderna manta asfáltica do futuro, que eles vislumbram ali o progresso. Enquanto isso seus filhos são seduzidos pelo tráfico, pela inquisição e pela gravidez precoce graças à péssima qualidade da educação oferecida. Bom, é assim que se fabricam mais zumbis. O feudo é assim, só sobrevive empurrando o conhecimento pra baixo do tapete. Quando o bom senso impera, a inquisição se encolhe tolhida pelos raios do iluminismo, foi esta a decisão de várias nações que escolheram a liberdade de pensamento contra o absolutismo e o pragmatismo religioso. Mas o feudo de Angra é tradicionalista, cada vez mais medieval, cada vez mais entregue a instituições religiosas e ao julgo da aristocracia, cada vez mais autoritarista, mais poluído, mais censurado, mais sucateado, mais decadente, mais corrupto, mais criminoso. Mas com pracinhas lindas e muitos incompetentes ostentando títulos de nobreza, muitos mesmo. Inclusive esta é uma das características mais marcantes deste sistema medieval, as opiniões são compradas com cargos, contratos e anúncios. Haja erário. Esta é outra maneira de se fabricar zumbis, comprando seu bom senso.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Iluminismo, zumbis e cadafalsos

Uma onda iluminista ameaça os reis de Angra, em alguns feudos vizinhos déspotas absolutistas já estão caindo. A luz da sensatez começa a projetar seus raios, os bidimensionais corações da monarquia local tremem, seus asseclas de porta de calabouço correm esbaforidos aconselhando que seja fortalecida a velha lei do silêncio, para isso exigem mais moedas. Bobos da côrte fazem de tudo para distrair a massa aborígene enquanto nas fogueiras da vaidosa inquisição, documentos são calcinados lançando na atmosfera uma fumaça menos negra que corrupta. E do ponto de vista do futuro, já sabendo no que vai dar, observamos os zumbis que brincam de poder. Ignoram eles que o poder é uma coisa que nunca esteve em suas mãos. O poder verdadeiro é conquistado por merecimento, é desenvolvido sobre uma base sólida que se mantém sem dificuldades, com economia de energia, e não essa maçaroca turva desenvolvida às custas de mazelas e subornos. A plataforma do falso poder é como um cadafalso sob os pés do futuro enforcado.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pão e povo para o circo!!!

Como qualquer feudo típico, Angra apresenta algumas características marcantes de idade média, ausência quase que total de saneamento, valas negras espalhadas por seus distritos, surtos endêmicos de pestes, famílias nepotistas dominando a política, soldados mercenários servindo a quem tem mais dinheiro, religiões cada vez mais poderosas e influentes, pão e circo para o povo, superstições e crendices sobrepujando o conhecimento científico, educação falida, gravidez precoce, execuções sumárias, comerciantes escravagistas, obras faraônicas de compensamento fálico, imprensa comprometida com o poder, autoridades comprometidas com o dinheiro, queimadas, latifúndios, posseiros, traficantes, etc.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Cantores desafinados e Crianças grávidas

Hoje resolvi andar por entre os aborígenes, seres impressionantes, entregues a um cotidiano de injustiças e tristes alegrias. Espremidos em precário transporte público, enfileirados como gado a abater-se, nas quilométricas filas das precárias casas de saúde.
Entoando seus pobres cânticos religiosos, músicas de estética obscura, cantores desafinados, trazem consigo a idéia de que a pior das músicas expurga o pior dos pecados. Protejo meus ouvidos, a inquisição sonora também é cruel.
Um nobre flutua entre os transeuntes, sorrisos e reverências o acompanham até que ele suma em uma carruagem de vidro opaco. Dentro da carruagem, um menor, absinto e dinheiro público em vias de privatização.
Crianças grávidas, crianças descoladas sem escola passam por mim, falando um dialeto do crime, com orgulho, cuspindo balas perdidas. Percebo que há mais perebas em suas mentes do que em suas pernas.
Um surto está por vir, uma peste, os sensatos tentam avisar, mas seus avisos, chatos demais para quem tem preguiça de pensar, são abafados pela cacofonia de uma canção evangélica mesclada ao zumbindo chato de uma nuvem negra de mosquitos.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O PROFETA DOBRA UMA ESQUINA

Nada impede que chamemos esta Angra de cidade das trevas, nem mesmo seus ensolarados dias de praia, que se tornam cada vez mais escassos, com balneários mais particulares e poluídos, e com seu céu mais nublado e choroso.
Como toda treva, esta abriga uma fauna diversificada de seres rastejantes e escamosos, parasitas sugadores que se alimentam de esperança, ignorância e status.
Apesar do alto nível de corrupção neste cantinho da idade média, grupos de guerrilheiros ideológicos, intelectuais preocupados e cidadãos de ilibada conduta, são vistos como uma vela no escuro a conduzir-nos no caminho da esperança. O último pleito deixou isso bem claro.
O poder da monarquia a cada dia diminui, nem o clero consegue sustentá-lo com a força inquisidora de antanho. Seus asseclas enrolam-se mais e mais nas tramas da justiça, os subornos tornam-se mais comuns e inflacionados, as bases do poder rangem sob o peso de seus egos pueris.
O fim está próximo, grita o profeta do futuro, e está dobrando a esquina, complementa.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Caravelas cheias de turistas

Uma vez perdi minha sanidade, talvez por vergonha de estar em Angra. Talvez pela síndrome do surto temporal. Não sei ao certo, tinha acabado de chegar, primeira incursão neste mundo proibido. Um turista, um recém nascido que mal acabara de pular do útero. E parado sobre a poça de líquido amniótico, olha pra parteira e pede um cigarro, fazendo aquele sinal com os dedos que indica preciso fumar.
A parteira era Angra, e ela me deu de fumar. Foi assim que cheguei aqui a primeira vez, velho, chato, entregue ao lamento, mas aí eu fui à praia e passou.
As praias de Angra sempre nos ajudam a esquecer, mas, praia do Anil não te esqueço, um dragão em forma de trator empurrando suas areias de um lado ao outro pra fingir serviço, a eleição passa, o dragão voa e minha sanidade que não volta. Cadê a porra do trator?
E como um viajante perdido do tempo sentei na areia da rua do comércio e esperei as caravelas voltarem pra me buscar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

ESFÍNCTER IDEOLÓGICO!

A morte paira sobre o feudo de Angra como uma saco plástico preto de lixo retalhado. Flamulando suas tiras sobre um mar hipócrita habitado por criaturas do mofo, por gente que perdeu o sentido de ser gente. Não podemos demonstrar espanto, somos apenas observadores nesta excursão ao passado, não alteramos sua história, sufocamos nossa indignação como quem prende gases num elevador, contraindo um esfíncter ideológico, tentando não atrair para nós a morte saco de lixo voadora.
Esta morte que não é aquela bonita dos guerrilheiros honrados, é a outra que vem acompanhada da ignorância e que mata primeiro a educação, a cultura e os sentidos da virtude. É aquela que também vem na compra de votos, na catequização dos aborígenes, na lavagem cerebral dos incautos e nas capas dos periódicos sensacionalistas.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Semeando Cabeças Decepadas

Percebemos que por aqui o divino mora só nas palavras, e que a crueldade é a monocultura vigente semeada todos os dias nas salas de aulas sem professores, nas belas praças de consumo de ópio e nos gabinetes corruptos da nobreza.
A cada semana, os periódicos do reino, contrastam elogios rasgados à dinastia e ao clero com as xilogravuras hemofílicas de cabeças decepadas e corpos imolados em vias públicas ou abandonados nos matagais da intolerância. A culpa destes crimes acaba sendo atribuída ao sobrenatural ou a guerras entre baderneiros que nada tem a ver com a realidade social do reino.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Lavagem de Tijolo

A primeira percepção que temos é a do domínio da população por uma inquisição caricata e de estética duvidosa. Igrejas nas mais variadas formas e tamanhos dominam a paisagem, mostrando um deus feio, construído em tijolo e ignorância, um deus surdo que obriga seus fiéis a gritar fazendo uso de apetrechos tecnológicos que não têm nada de divino em sua origem.
Aparentemente cerca de quase 50% dos aborígenes sofreram a lavagem, termo que iremos usar para definir este tipo de trabalho feito pela inquisição local. Significa que foram convertidos e que estão condenado a um futuro, ou melhor, neste caso, a um passado de penitências, dízimos e voto de cabresto.

sábado, 11 de outubro de 2008

Gigantes de metal e observadores calados

Por conta de alguns desvios na linha do tempo, este mundo convive com maravilhas tecnológicas contrabandeadas de um futuro alternativo. O que é um grande perigo, são como crianças manuseando armas de destruição em massa. Chegando em nosso destino percebemos claramente isso, monstros gigantes de metal e concreto anunciam que estamos em Angra dos Reis, e placas de boas vindas anunciam quem reina por aqui.
Felizmente se permanecemos calados e não esboçarmos reações de curiosidade, revolta ou nojo, poderemos passar desapercebidos e não correremos o risco de ser devorados durante nosso safari temporal.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O TÚNEL DO TEMPO NA RIO SANTOS

Bom dia senhores, os convido a uma viagem por um túnel do tempo. Por mais clichê que seja esta frase, não vejo melhor ilustração para o destino que os túneis da Rodovia Rio Santos reservam para nós.
As curvas na estrada nos servem como metáforas para as espirais psicodélicas clichês nas viagens temporais do cinema, a mata atlântica parece abrigar hominídeos primitivos ou dinossauros prestes a perseguir nossos veículos.
A linha cinza de asfalto que nos serve de máquina do tempo, corta o litoral, separando o paraíso do caos. Ao lado do mar os grandes castelos da realeza e nobreza. Do outro lado, enfurnados nos morros, as vilas feudais, reunindo operários, camponeses, massas de manobra sob a constante vigilância de senhores feudais, capitães do mato, inquisidores e traficantes.